quinta-feira, 27 de junho de 2013

Meu primeiro assalto

Parece clichê começar assim, mas tudo tem sua primeira vez e isso sempre envolve aquele friozinho na barriga, aquele medo do desconhecido. Na maioria das primeiras vezes quando o medo passa, acontece algo bom na sequência. Só que isso, é claro, não é valido quando o desconhecido em questão chega bem perto de você e diz: “passa a grana, que isso é um assalto mermão!”. Pois é, ao invés de o friozinho passar, ele aumenta de tal forma que as pernas tremem e o ser humano em questão já não mais sabe o que fazer, como reagir (ou não).
Até os 21 anos de idade, nunca havia sido assaltada. Já tinha escutado tantos casos próximos, que me sentia a mais privilegiada das mulheres, quase uma heroína, uma Shena. Enchia a boca pra dizer: “nunca fui assaltada!”.
 Mas como nem tudo são flores, um belo dia alguma coisa aconteceu no meu coração quando cruzei a Ipiranga com a Avenida São João. Pena não ter sido tão lindo e poético como na música.
Depois da frase clássica do passa a grana mermão, o moleque (que não parecia ter mais do que 17 anos), violentamente pegou o meu braço, apertou-o com toda a força de sua jovem idade e começou a puxá-lo, provavelmente querendo me assustar. Não tendo surtido efeito, o rapazote começou a puxar minha bolsa que, por sinal, estava muito bem lacrada e protegida.

Não tenho dinheiro não, moço!

Essas foram minhas ingênuas palavras de principiante.

Abre a bolsa, abre a bolsa, me passa o celular senão vou pipocar você!

Como sou uma mulher prevenida, minha bolsa tem vários compartimentos, bolsinhos, enfim, foi um sacrifício para achar o bendito. Aliás, o nervosismo da primeira vez é tão grande que nem prestei atenção se o garoto realmente estava armado ou não.
Não sei quem foi mais ingênuo: eu ou o pobre ladrãozinho que ficou esperando enquanto eu cumpria a minha saga à procura do celular. Mas a sorte ainda estava ao meu favor, afinal na pindaíba em que me encontro qualquer celular a menos seria um grande prejuízo. Como que por obra Divina, ao longe foi possível escutar as sirenes dos carros de policia e o menino assustado, depois de um desabafado: ”Sujou, sujou”, saiu em disparada pela avenida, entrou em uma ruazinha e graças à minha sorte, ficou longe das minhas vistas. Sorte porque, na verdade, a polícia não vinha para me salvar e sim seguia em comboio possivelmente para atender a uma ocorrência de grande porte, um assalto a banco, talvez.
Depois do susto coloquei-me a pensar como os roubos estão corriqueiros, principalmente em uma cidade como São Paulo. O incomum que está também virando comum é que assaltos já não têm mais local, dia e nem horário para acontecer. Há tempos era comum escutar alguém dizer por ai: “Não saia após as 18hs, não vai por aquela rua, não entra em tal ônibus!”. É, isso já está fora de moda, os ladrões não são mais tão seletivos e discretos como antigamente. O mundo agora é tão cara-de-pau, que é possível ser assaltado em plena Avenida Ipiranga, às 15h30!


* Essa é uma crônica, portanto, fictícia, de minha autoria. Espero que tenham gostado.
                                                                                                              Beijinhos, 
                                                                                                                   Paula Savalho

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